ArtigosEdição 003Léo Vilhena

A polarização destrói amizades

Vivemos em um país completamente rachado e polarizado, mesmo dividido, estamos vivendo à beira da insanidade coletiva e de uma guerra social, de ideologias e valores.

E por que digo isso?

Essa polarização nefasta que destrói, até, amizades e laços familiares, está encampada em todos os níveis e classes sociais.

Quem eram amigos, tornaram-se “inimigos” por discussões banais, ideológicas, sociais, políticas e até religiosas.

O que está em jogo não é apenas a Direita x Esquerda, Lula x Bolsonaro, Capitalismo x Socialismo, o bem contra o mal, as causas vão muito além dessas narrativas citadas.

Uma análise mais acurada das redes sociais percebe discussões sobre, por exemplo, o uso ou não de uvas-passas na ceia de natal.

Discussão a respeito de uvas…

Antigamente, diríamos:

— “Não gosto de Uvas Passas.”

Meu interlocutor responderia:

— “Ah, tá, mas eu gosto.”

E a conversa ‘morreria’ logo de saída.

Hoje em dia, a resposta seria outra:

— “Por que você odeia as Passas? O que elas te fizeram? Seu babaca.”

Estamos vivendo em um baixo nível intelectual e de uma ausência completa de valores morais, de inteligência e respeito pelo próximo.

Muitos não aceitam serem contraditos.

Divergir, com respeito, deixou de ser um ato que compõe o estado democrático de direito e virou uma “arma” para ataques e ofensas verbais, quiçá, físicas.

Gostar ou não de Jair Messias Bolsonaro é um direito meu, seu e do outro, o que não pode haver são ataques e desrespeitos pelo simples fato de gostar do Bolsonaro e não do Lula, e vice-versa.

A polarização ganhou ares de Ultimate Fighter da vida real.

Poucos respeitam as divergências.

Poucos respeitam o contraditório.

Poucos respeitam aqueles que pensam diferente.

Poucos aceitam o contraditório.

A polarização tomou de assalto as camadas das sociedades brasileiras e mundiais.

Gosto muito de usar meu exemplo: adoro mulher, diria que sou viciado em mulher, na minha mulher, minha no sentido de única em minha vida, e não de pose —, mas o meu melhor amigo, meu irmão mais velho, major de uma determinada Polícia Militar da Federação, é homossexual assumido, casado com outro PM e vivem sob o mesmo teto.

Concordo com o estilo de vida dele?

Mas respeito, devo isso a ele e ele é o meu melhor amigo.

Jamais tivemos problemas pelo fato dele gostar de outra fruta que eu gosto.

Detalhe: ele é petista desde a alma…

Estou exemplificando e me expondo, apenas para compreendermos que devemos ser tolerantes e respeitarmos os desejos e as escolhas dos meus semelhantes, mesmo que sejam diametralmente opostas as nossas. O respeito deve imperar, essa polarização, que é uma guerra, tem que acabar.

O socialista não é meu inimigo, se sou dele, é problema dele, não é problema meu.

Mas esse mesmo “socialista”, esbarro com ele, na Disney…

Não é, no mínimo, engraçado?

Léo Vilhena | Jornalista
Editor da Rede GNI